ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Recuperar os sentidos – a Estética e as imagens na contemporaneidade |
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Autor | Mirian N Tavares |
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Resumo Expandido | Lev Manovich publicou, recentemente, no Facebook, uma reflexão: assumiu que, apesar de estudar imagens, de estar quotidianamente rodeado por elas, tem muitas dúvidas sobre a nossa capacidade de perceber plenamente o que produzem em nós. Foi interessante reconhecer-me nas suas inquietações. De facto, nem as centenas de teorias sobre a produção de Imagens e os estudos sobre os seus efeitos, traduzem, de forma absolutamente inequívoca, o que sentimos, ou o modo como somos afetados. Falar das imagens é falar das suas indefinições e do processo de estetização do quotidiano, exterior à Arte, iniciado no séc. XIX, que se converteu, rapidamente, numa regra para a criação e da criação. Afirma Yves Michaud: “L’art s’est volatilisé en éther esthétique, si l’on rapelle que l´éther fut conçu par les physiciens et le philosophes après Newton comme ce milieu subtil que imprègne tous les corps.” (2010:9). Tudo, ao redor da arte, é convertido em estético, se usarmos o conceito de Estética como Filosofia do Belo. Tudo, à volta da Arte, se torna belo, mas a Arte, ela mesma, tenta fugir do determinismo da Beleza. Na busca de um novo lugar, provocada pela ascensão da cultura de massa e pelo aparecimento dos meios de reprodução técnica das imagens, a arte volatizou-se: a produção de objetos é substituída pela experiência da criação, ou pela partilha de sensações entre criador e público, muitas vezes tornando o público parte integrante e imprescindível para a existência da obra, que se realiza enquanto é vista/vivenciada/experienciada. E que só existe no momento efémero e irreproduzível, típico das artes performativas. Para Yves Michaud, a partir dos anos 50 a questão principal da Estética, o que é Arte? transformou-se noutra: Quando é Arte? ou como é que nós, espectadores, fazemos arte? Estas perguntas são ainda mais pertinentes quando falamos de imagens no universo digital/tecnológico. Num dos primeiros textos sobre new media art, Lev Manovich utiliza a obra de Dziga Vertov de 1929, Homem com uma máquina de filmar para caracterizar a arte numérica, como lhe chamam os franceses – a arte que usa os computadores como meio e mensagem, como ferramenta e espaço de exibição ou de extensão. O filme de Vertov, realizador que defendia o cinema como um instrumento para documentar, e revolucionar, o mundo, e não como mero dispositivo narrativo, é o gatilho que Manovich elege para explicitar, e delimitar, as possibilidades e as virtualidades dos novos meios sem, no entanto, deixar de criar uma ponte com o passado, com as primeiras imagens técnicas – fotográficas e cinematográficas -, que alteraram definitivamente o nosso modo de ver. Durante a década de 1960, as relações entre arte e tecnologia tornaram-se mais fortes e, em 1965, com a ajuda do artista Robert Rauschenberg, Billy Klüver buscou a expertise de engenheiros da Bell Laboratories para participar num projeto interdisciplinar que mesclava artes plásticas, teatro, dança com as novas tecnologias. Experimentos em Arte e Tecnologia (E.A.T.), uma organização sem fins lucrativos, foi criada entre 1966 e 1967 para desenvolver a colaborações entre artistas e engenheiros. O E.A.T. surge da experiência realizada em outubro de 1966, 9 Evenings: Theatre and Engineering. Este evento reuniu 40 engenheiros e 10 artistas contemporâneos que trabalharam juntos em performances que incorporaram novas tecnologias. O uso de tecnologias pelos artistas foi disruptivo - os suportes tecnológicos viram as funções para as quais foram programados serem constantemente desafiadas e ultrapassadas. Pretendo assim, discutir um conjunto de questões que me desafiam desde que comecei a trabalhar com o universo das imagens. Como Lev Manovich, continuo a pensar sobre as imagens e sobre o que fazemos com elas ou somos levados a fazer por elas, principalmente num universo mediado por imagens técnicas que exigem de nós, espectadores, críticos e teóricos, uma visão muito mais abrangente e complexa. |
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Bibliografia | Castells, M. (2004). The Network Society: A Cross-Cultural Perspective. Cheltenham, UK; Northampton, MA: Edward Elgar. |