ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Festivais em Rede: a experiência do Fórum dos Festivais |
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Autor | Tetê Mattos (Maria Teresa Mattos de Moraes) |
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Resumo Expandido | Em março de 2000, foi criado no 4o. Festival de Cinema de Recife (hoje Cine-PE) o Fórum Nacional dos Organizadores de Eventos Audiovisuais - Fórum dos Festivais -, associação de classe representativa do setor, com o objetivo de articular e fortalecer a rede dos festivais audiovisuais brasileiros. Neste momento, a política cultural da gestão neoliberal do Ministro da Cultura Francisco Weffort, do governo Fernando Henrique Cardoso, buscava organizar as atividades culturais com a mínima interferência do Estado e apostava no mercado como regulador da cultura. A principal marca da gestão Weffort foi o financiamento da cultura via incentivo fiscal. Além da retomada da produção de filmes, paralisada desde os anos de 1990 pelo fechamento da Embrafilme no Governo Collor, os festivais proliferaram em todo o país. No ano em que o Fórum é criado o Brasil contava com cerca de 44 festivais, 60 % deles realizados na região sudeste, e boa parte financiada pelas leis de incentivo e pelas lógicas do sistema de patrocínio baseados no marketing cultural. O cenário de surgimento do Fórum dos Festivais era o de repolitização (Dahl, Autran, 2012). O CBC (Congresso Brasileiro de Cinema), realizado em junho de 2000, se organizou no sentido de apresentar para o governo e para a sociedade um projeto coletivo de cinema brasileiro. Inserido neste contexto, o Fórum dos Festivais expressava a união dos eventos audiovisuais brasileiros em torno de ações coletivas tais como fortalecer o circuito de eventos audiovisuais, promover ações de divulgação da importância dos festivais, interagir com segmentos da cadeia produtiva do audiovisual, contribuir para a formulação de políticas públicas para o setor, entre outros.. (LEAL, 2008, p.89) Nesta comunicação traçaremos um breve percurso da atuação do Fórum dos Festivais desde sua criação buscando analisar momentos de interlocução com as políticas federais de cultura ao longo das últimas décadas. Interessa-nos aqui investigar como se processaram as estratégias de lutas políticas em prol dos festivais diante de cenários tão diversos da política cultural brasileira (cultura como atuação conjunta entre Estado e mercado; cultura como direito, cidadania e política pública; cultura como economia; e desmonte da cultura). Também é do nosso interesse investigar quais os impactos das ações do Fórum no circuito dos festivais audiovisuais brasileiros, diante de cenários tão distintos, algumas vezes desfavoráveis de ameaça à democracia, ou bastante adversos durante a pandemia de Covid-19. Em que medida a atuação em rede trouxe contribuições para a (re)existência e continuidade dos eventos? Importante destacar que os conceitos de “circuito” e “rede” (Loist, 2016; Campos-Rabadan, 2020; Iordanova, 2013) utilizados aqui tratam de um conjunto heterogêneo de eventos que se relacionam de forma interconectada, porém hierárquica e repleta de tensões e disputas de poder. Neste sentido, vale investigar como se processa a luta política do Fórum em defesa de uma coletividade tão complexa, diversa e múltipla. Utilizaremos como fontes de pesquisa documentos da associação, tais como estatuto do Fórum, código de ética, atas de reuniões, boletins informativos, cartas enviadas às autoridades do audiovisual, relatórios de gestão, assim como material produzido pelo Fórum para a sua divulgação (site, flyer, vinheta). As entrevistas com membros de diretorias também serão preciosas fontes de informação. Esperamos que esta comunicação possa contribuir para os estudos de festivais audiovisuais brasileiros, ao investigar a experiência política de luta coletiva do Fórum dos Festivais. |
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Bibliografia | AUTRAN, A. Gustavo Dahl: ideário de uma trajetória no cinema brasileiro. Rebeca. ano1, n.1, jan./jun.2012. |