ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Mediações e Epistemes Curatoriais no Cinema Negro Brasileiro |
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Autor | Lucas Honorato Cordeiro Contreiras Teles |
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Resumo Expandido | Este trabalho é resultado parcial de uma dissertação de mestrado, que toma como problema as possíveis influências da Curadoria na produção fílmica, como um marcador espistemológico em mostras e festivais de curtas metragens do Cinema Negro Brasileiro do segundo decênio século XXI. Propõe-se pensar a Curadoria como um dispositivo de mediação cultural recíproca entre discurso curatorial e produção cinematográfica, para ver as influências e constituições do Cinema Negro Brasileiro contemporâneo. Considerando que “a curadoria, de alguma maneira, configura um espaço cultural, social, que forja elementos que permitem uma construção de comunidade na mediação entre as obras e a recepção” (CESAR, 2020), é crucial entender o papel da curadoria na constituição do Cinema Negro para visualizá-la como campo. A partir desses aspectos, os termos Curadoria e Cinema Negro são acepcionados dentro do que Pierre Bourdieu caracteriza como um "Campo de produção cultural restrita, que é definido como aquele projetado especificamente para cumprir uma função de consagração, bem como para multiplicar produtores de um tipo determinado de bens culturais e o consumidor capaz de consumi-los” (BOURDIEU apud GARRETT, 2020, p. 81). Esta acepção é importante para situar a curadoria como um dispositivo de interferência nos moldes do imaginário cultural, onde a seleção curatorial agencia a produção ética e estética da dimensão fílmica. Assimilamos aqui a ideia de dispositivo descrita em entrevista por Foucault, que se dá como “um conjunto heterogêneo, que inclui virtualmente qualquer coisa, linguístico e não linguístico no mesmo título: discursos, instituições, edifícios, leis, medidas de segurança, proposições filosóficas, etc” (apud AGAMBEN, 2005, p. 9). Propõe-se pontuar na pesquisa, as epistemes deste campo, suas vertentes dissonantes e convergentes a partir dos discursos observados na seleção, pelos textos e modos de programação dos filmes, na finalidade de superar uma universalidade determinista de uma identidade Negra (MBEMBE, 2014) dentro deste campo. Assim, se faz necessário: a) compreender e historicizar as etapas de suas constituições teóricas e práticas, b) observar as vertentes discutidas, continuadas e descontinuadas, como um valor de manutenção pelos processos comunicacionais em um movimento arqueológico, necessário para maior compreensão do Cinema Negro Brasileiro como Campo Cultural. É na averiguação da materialidade discursiva das curadorias que o projeto se define ao observar a programação dos festivais e mostras e seus possíveis efeitos nos filmes. Para se efetivar a arqueologia, objetiva-se pensar a influência da curadoria e suas agências como uma prática de mediação cultural (MARTÍN-BARBERO, 1997) na práxis cinematográfica, por uma catalogação e análise de festivais e mostras nacionais de Cinema Negro Brasileiro, entre 2011 e 2020, com base em seu capital cultural (BOURDIEAU, 1998). O mapa de difusão do Cinema Negro brasileiro, no site Negritude Infinita, é o preambulo para partir à alguns eventos e insituições lá dispostos — ex. Cineclube Tela Preta, Encontro de Cinema Negro - Zózimo Bulbul, Instituto Nicho 54 e Mostra de Cinema Negro no 20º FestCurtasBH. Projeta-se costurar as relações dos produtos selecionados com os discursos curatoriais em relação às epistemologias notadas, demarcando as escolhas éticas e estéticas potencialmente influenciadas pela mediação curatorial nas produções fílmicas. A intenção é analisar e entrelaçar as vertentes epistemológicas que foram consideradas, mantidas ou preteridas nos eixos centrais das discussões das agências curatoriais durante a última década, visando compreender os caminhos de assimilação dos discursos curatoriais na produção fílmica através do desenvolvimento epistemológico do cinema negro brasileiro, produzido nesses espaços curatoriais e questionar a possibilidade de materializar, cientificamente, as influências estéticas e éticas na produção fílmica, pela práxis dos discursos curatoriais |
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Bibliografia | AGAMBEN, Giorgio. O QUE É UM DISPOSITIVO? Revista Outra Travessia Nº 5, p. 9 - 16. janeiro 2005; |