ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Da ilusão a Imersão: figurino em 360° |
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Autor | Nívea Faria de Souza |
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Resumo Expandido | Um novo paradigma na compreensão e criação do espaço cênico audiovisual emerge, no qual a produção audiovisual 360° rompe com a moldura controlada e propõe uma simbiose entre corpo e espaço, dissolvendo a fronteira entre dentro e fora. Desde os primórdios da cinematografia, a ilusão foi um fator fascinante e a técnica da câmera sempre teve o objetivo de arrebatar e iludir o espectador, com espaços meticulosamente calculados e figurinos pensados para o melhor ângulo diante da lente. Contudo, no audiovisual 360°, tudo está ainda mais integrado e os movimentos não podem mais ser precisamente calculados. Corpo, figurino, espaço e a experiência do espectador são partes complementares do todo. Este trabalho apresenta uma proposta reflexiva a partir da experiência da autora na criação e produção de figurino para o audiovisual 360°, convergindo dois pontos de vista: o da criação e o da experiência do espectador. Novos desafios surgiram na criação de figurinos para projetos de realidade virtual, nos quais há uma busca pela coexistência entre a narrativa, o corpo, o espaço e o efeito a ser experimentado. No cinema de tela bidimensional, a cena pode ser pensada como um quadro, com personagens, espaço, paleta de cores, formas e texturas, enquanto no 360°, percebe-se uma aproximação com a criação na arte teatral, em que o figurino é pensado com foco no efeito em cena. A atenção do espectador é fixada pela imagem, fortalecendo ainda mais a narrativa, visto que o enquadramento é uma escolha individual que pode variar de acordo com cada espectador. No audiovisual 360°, cada detalhe pode ser o foco do espectador e a narrativa é reconstruída, cena a cena, em cada ângulo escolhido. A imersão permite que o espectador seja um agente ativo na criação e moldagem da dramaturgia (MURRAY, 2003), escolhendo a condução da narrativa visual, definindo seus próprios planos e deliberando uma nova experiência a cada vez que assistir a obra. Essa é a fascinação de um projeto imersivo em 360°, que permite a interação e a criação de experiências imersivas por meio da tecnologia. Nesse contexto, o figurino pode ser entendido como um elemento que ajuda a construir essa experiência imersiva, por meio da criação de um ambiente visual que aproxima o espectador da narrativa. Na construção desse novo figurino, é essencial considerar a tridimensionalidade do espaço e do corpo, sob uma perspectiva múltipla, a ser conduzida pelo espectador. Uma criação que possa ser percebida por todos os ângulos e que estes se tornem interessantes dentro da linguagem visual proposta. O figurino não é apenas um elemento estético, puramente visual, mas é parte integrante do espaço e da experiência do espectador, conduzindo a experiência do cinema a uma jornada emocional que envolve a interação entre corpo do espectador e o espaço cênico. O figurino é parte fundamental dessa interação, ajudando a criar uma experiência imersiva e emocionalmente envolvente. elemento estético, puramente visual, mas é parte integrante do espaço e da experiência do espectador, conduzindo a experiência do cinema a uma jornada emocional que envolve a interação entre corpo do espectador e o espaço cênico. O figurino é parte fundamental dessa interação, ajudando a criar uma experiência imersiva e emocionalmente envolvente. Por fim, é importante ressaltar que a produção audiovisual 360° representa uma nova forma de se compreender e criar o espaço cênico, trazendo novos desafios para a criação do figurino. Com o enfoque na imersão do espectador, o figurino se torna uma parte essencial da experiência sensorial, conduzindo a narrativa e criando um ambiente visual que aproxima o espectador da obra ficcional. Dessa forma, é necessário considerar a relação entre corpo, figurino e espaço como um agenciamento, conforme proposto por Deleuze e Guattari (1995), de modo a construir uma experiência emocionalmente envolvente e imersiva para o espectador. |
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Bibliografia | DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs: capitalismo e esquizofrenia. v.1. Rio de Janeiro: Editora 34, 1995. |