ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | FESTIVAL GUARNICÊ: MEMÓRIA E CINEMA EM SÃO LUÍS DO MARANHÃO |
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Autor | Milene de Cássia Silveira Gusmão |
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Coautor | Euclides Santos Mendes |
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Coautor | JOSE RIBAMAR FERREIRA JUNIOR |
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Resumo Expandido | A investigação, em andamento, surge no âmbito da pesquisa intitulada “Memória, patrimônio e linguagem no contexto maranhense”, aprovada pelo Edital da CAPES, nº 21/2018, no Programa de Cooperação Acadêmica na Amazônia – PROCAD/AM, realizada mediante parceria entre o Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), o Programa de Pós-Graduação em Memória: Linguagem e Sociedade da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) e o Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA). Trata-se, mais especificamente, da pesquisa que toma a relação entre memória, cinema e processos de formação cultural em São Luís como questão. No levantamento dos dados sobre as práticas de cinema na cidade, comparecem fortemente as atividades promovidas pelo Festival Guarnicê de Cinema, como articuladoras de ações de formação pelo/para o cinema em São Luís. Chegando à sua 46ª edição, em 2023, como um dos mais longevos festivais brasileiros e a mais significativa prática de exibição e formação audiovisual no Maranhão, o referido festival, criado em 1977 como Jornada Maranhense de Super-8, surgiu como ação extensionista do Departamento de Assuntos Culturais (DAC), ligado à Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Estudantis da Universidade Federal do Maranhão, a partir do empenho de pessoas como Mario Cella, teólogo e professor de Filosofia, o fotógrafo e realizador audiovisual Murilo Santos, do Laboratório de Expressões Artísticas (Laborarte), e Euclides Moreira Neto, estudante de Comunicação Social na UFMA. Eles participaram ativamente do Cineclube Universitário, criado por Mario Cella na UFMA em 1975 e renomeado como Cineclube Uirá por sugestão do diretor de fotografia Fernando Duarte, que, em 1976, ministrou curso no cineclube e fez referência ao filme “Uirá, um índio em busca de Deus” (1973), de Gustavo Dahl, filmado no Maranhão. A experiência cineclubista impulsionou um processo de formação para o cinema em São Luís, com a realização de cursos e a produção de curta-metragem em Super-8. Dessa ambiência surgiu a Jornada Maranhense de Super-8. Nos anos 1970, o Super-8 fez sucesso entre cinéfilos e jovens cineastas, pelo baixo custo de produção e pela liberdade criativa. Além da produção maranhense, a Jornada passou a receber e exibir, a partir de 1978, filmes realizados no Brasil, no momento do boom superoitista, e também de outros países. A especificação dos formatos aceitos pela Jornada aparece nos nomes que, ao longo dos anos, denominaram o evento: de Jornada Maranhense de Super-8 tornou-se, em 1986, Jornada Maranhense de Cinema e Vídeo; em 1990, incorpora a palavra Guarnicê ao nome, passando a ser denominado Guarnicê de Cine-Vídeo; em 2002, torna-se Festival Guarnicê de Cinema. A palavra Guarnicê é específica do contexto cultural do Maranhão e se refere ao momento de preparação para a entrada em cena dos grupos de bumba meu boi, expressão singular da cultura maranhense caracterizada como dança cômico-dramática sobre a morte e ressurreição de um boi. Certamente, o Festival Guarnicê de Cinema, assim como outros festivais no país, tem viabilizado, desde 1977, espaços de exibição, formação e reflexão pelo/para o cinema e audiovisual. No entanto, três questões comparecem com maior vigor na etapa inicial das investigações realizadas pelo grupo de pesquisa, quais sejam: a primeira se refere às condições que possibilitaram a estruturação do festival, desde a primeira edição, no âmbito de uma universidade pública, em pleno período da ditadura civil-militar no Brasil. A segunda está ancorada numa vinculação que comparece aproximando o festival com as práticas de cinema promovidas pela Igreja Católica no país. E a terceira diz respeito a uma inquietação pautada pelo grupo de pesquisa quanto à inexistência de um curso de graduação em Cinema e Audiovisual no âmbito da Universidade Federal do Maranhão, uma vez que esta tem sido a instituição realizadora do Festival Guarnicê há 46 anos. |
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Bibliografia | CALDAS, Leide Ana Oliveira. Superoitismo no Maranhão: os modos de fazer, temas e formas de falar e a invenção do cinema local como prática de micro resistências 1970/80. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-graduação em História/CCH, Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2016. |