ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Narrativa e a personagem feminina no Neo-Western : um estudo de 1883 |
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Autor | Fabio Luciano Francener Pinheiro |
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Resumo Expandido | Dentre as categorias genéricas, o western é certamente o mais visivelmente identificável, seja pela sua inconfundível iconografia – chapéus, cavalos, salloon, armas, paisagens naturais – ou pelos códigos temáticos que mobiliza, como a busca por justiça, vingança, duelo final e a expansão rumo ao Oeste. O cruzamento entre iconografia e temática resulta na consolidação da mitologia do western, forjada pelo cinema de Hollywood, que fez circular uma versão conveniente, criada em cima de acontecimentos históricos. Assim, desde o período silencioso, o cinema escolheu impor a versão do cowboy desbravador do território inóspito sobre a expansão genocida que vitimou povos indígenas a partir dos anos 1800. No western cinematográfico, a versão que se impôs foi a da narrativa da missão civilizatória, que buscava ocupar as terras situadas no oeste dos Estados Unidos a partir do século XIX. “O western é um folclore americano: uma mitologia que depende muito mais da fantasia que da história” (MATTOS:2004). O gênero se populariza paralelamente à consolidação do incipiente cinema e do studio system. Basta lembrar de The Great Train Robbery (1903) e as narrativas protagonizadas por Thomas Ince (SCHATZ:1981). A categoria passa por transformações após a Segunda Guerra Mundial, trafega pelo crivo da autoria com nomes como John Ford e Howard Hawks, se reinventa criticamente com as obras de Antony Mann e Nicholas Ray e adquire o status de culto com os westerns spaghetti de Sergio Leone. A partir dos anos 1970, o gênero entra em decadência por não conseguir mais refletir as mudanças na dinâmica social da geração que protesta contra a invasão do Vietnã , a cultura hippie, o movimento pelos Direitos Civis. Diante desse breve quadro, é instigante abordar a produção e a recepção de Yellowstone, narrativa seriada produzida pelo canal Paramount. Em sua quinta temporada, a saga da família Hutton, ambientada no interior do Estado de Montana e liderada pelo pecuarista John Hutton (Kevin Costner) foi a série mais vista dos Estados Unidos em 2022. Tal recepção levou seu criador, o roteirista e diretor Taylor Sheridan, a criar duas prequels. 1883 trata da jornada épica dos antepassados do clã Dutton que atravessam o país enfrentando toda sorte de perigos para se fixar no território de Montana. A outra prequel, 1923, com Harrison Ford no elenco, mostra o território já conquistado e a luta dos Hutton para manter sua propriedade e seu gado. Juntas, as três produções formam um painel que aborda a conquista do oeste do século XIX à atualidade, configurando o termo Neo-Western. Tal conceito busca dar conta do ressurgimento do gênero, seja em sua vertente histórica (1883) ou na sua atualização em Yellowstone. Tendo em mente a perspectiva do Neo-Western , esta comunicação elege a série 1883 como objeto de investigação. A proposta se justifica pela adesão da trama - entre os três títulos mencionados – ao período histórico consolidado pelo gênero, a segunda metade do século XIX. A intenção é analisar a estratégia narrativa empregada pela série, que privilegia a voz da personagem Elsa Hutton (Isabel May). O conceito a ser aprofundado é o de focalização, de acordo com a terminologia sugerida por Gaudreault e Jost (2009). É a voz de Elsa, uma jovem entrando na idade adulta, que abre a série em uma cena extremamente violenta, na qual um grupo de pioneiros é massacrado por indígenas. Ao acompanhar o pai James Hutton (Tim McGraw), que por sua vez auxilia na escolta de um grupo de imigrantes em sua jornada para o Oregon, Elsa descobre a si mesma enquanto mulher, ao mesmo tempo em que descreve com assombro, perplexidade e encanto as situações que testemunha durante a longa e árdua travessia para o oeste. São sua voz e suas reflexões - de caráter existencial, sobre vida, morte, dor, perda, natureza, brutalidade - que ouvimos, tornando-a assim uma personagem focalizadora, que nos apresenta e nos conduz no universo diegético da série. |
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Bibliografia | ALTMAN, Rick. Film Genre. Londres: BFI, 1999. |