ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Fingindo ser menines: fugas de gênero em filmes de high school |
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Autor | Adriana P F Azevedo |
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Resumo Expandido | Lembro a primeira vez que assisti "Just one of the guys" (1985) em uma sessão da tarde da TV Globo nos anos 1990. Uma garota (Joyce Hyser) resolve fingir ser um garoto ao perder um estágio de verão e estar convencida de que o perdeu por machismo. Só que o fingimento acontece de forma muito bastante convincente. Com cabelos curtos, óculos escuros e jaqueta de couro, Terry ressurge no colégio com sua nova identidade e uma expressão de masculinidade galanteadora. Suas colegas de escola começam a sentir atração e se apaixonar por sua nova forma de expressão de gênero. Ao mesmo tempo, ela se apaixona por um amigo, e provoca uma verdadeira desorganização nas expressões da cisheterossexualidade. "Just one of the guys" foi o primeiro filme de "fingimento de gênero" que assisti, o que se manifesta como um gênero à parte dentro dos filmes de high school de Hollywood. A desorganização de gênero que o filme provocou nas personagens foi a mesma que provocou em mim. Ele abriu novas possibilidades. Foi um desvelamento de que o gênero é uma construção social, já que foi tão convincente se passar por um dos caras da escola e conquistar garotas e garotos. Quando fiz muitas perguntas para a minha mãe, ela prontamente me disse que eu fazia muitos questionamentos, que aquilo era só ficção. Só que não foi suficiente, algo já estava fora do lugar. Partindo da perspectiva autobiográfica, esta comunicação pensará em formas como o filme supracitado juntamente com "Nobody is perfect" (1989), "Anything for love" (1993" e "She's the man" (2006), reencenam normas de gênero ao brincarem com a ideia "fingir ser homem" ou "fingir ser mulher", mas ao mesmo tempo as bagunçam, abrindo brechas para fugas e desobediência. A confusão de gênero pode ser pensada como uma potência para novas possibilidades de existência e de desvelamento das fragilidades da cisheteronormatividade. |
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Bibliografia | ANZALDUA, Gloria. A vulva é uma ferida aberta & outros ensaios. Rio de Janeiro: Bolha Editora, 2021. |