ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Da escrita do haicai às imagens do cinema: o caso Abbas Kiarostami |
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Autor | Júlia Guimarães da Gama Fernandes |
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Resumo Expandido | A presente comunicação se propõe a investigar as possíveis relações estéticas entre as imagens do cinema e a escrita poética, mais especificamente a escrita do haicai, a partir de duas obras do cineasta Abbas Kiarostami. A primeira, Nuvens de Algodão (2018), constitui uma reunião de haicais escritos pelo iraniano; a segunda, 24 frames (2017), se caracteriza por 24 fotografias que, animadas digitalmente, compõem o seu último filme. Tradicionalmente, o haicai é um gênero da poesia japonesa que, conhecido por sua estrutura breve de três versos, tem como proposição a consagração de um instante, fundada no princípio de observação da natureza. As obras de Kiarostami, por sua vez, se direcionam para a construção de uma poética similar, uma vez que o diretor quase sempre escolhe filmar paisagens e situações singelas, que estão atreladas ao dito mundo natural e pertencentes a um momento fixado. Busca-se, portanto, analisar de que maneira os elementos trazidos em seus haicais dialogam com os de seu cinema. Apesar da produção da imagem ser intrínseca à escrita do poema, como observa Octavio Paz em seu livro Signos em rotação (2015), é preciso se debruçar sobre a especificidade do haicai, pois pensar a escrita do gênero perpassa também por pensar a significação do ideograma japonês. Ainda que Kiarostami fosse iraniano e escrevesse somente em farsi, é necessário considerar que o ideograma se constitui enquanto símbolo gráfico, representante de um conceito ou de uma ideia. É nisto que o haicai se funda: e é por isso, também, que se investiga como, em sua semântica, imagem e texto podem se comunicar. |
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Bibliografia | EISENSTEIN, Sergei. A forma do filme. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2002. |