ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | A imagem de Getúlio Vargas (1937-1945) pelo Cine Jornal Brasileiro |
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Autor | Sofia Figueira de Siqueira |
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Resumo Expandido | A história dos formatos de não-ficção audiovisuais marcam a trajetória do cinema desde seu início a partir das atualidades até os documentários com dramaticidade e enredos próprios, incluindo já nesses primórdios a produção dos cinejornais. Uma comparação interessante seria a utilização do cinema propagandístico pelo cineasta britânico John Grierson. Nos anos 1930, sob o regime democrático liberal Inglês, Grierson compreende o poder educacional e propagandístico do cinema de não-ficação, colocando a capacidade da produção cinematográfica em um alto patamar de comunicação e persuasão para com o público (DA-RIN, 2004). Em contrapartida, no Brasil, o decreto 21.240, datado de 1932, emitido por Getúlio Vargas em relação ao cinema nacional, determinava a obrigatoriedade da projeção de um filme de curta metragem nacional para cada longa estrangeiro exibido (SIMIS, 2009). A partir deste fato evidencia-se que independente do sistema político vigente, nas primeiras décadas do século XX, diversos Estados nacionais compreenderam o valor do cinema de propaganda. A motivação inicial da obrigatoriedade das cotas de telas, como conhecemos hoje, partiu de um interesse político, devido ao fato do cinema ser considerado um grande apoio e ótimo método de difusão de informações pelo Estado. Ao reconhecer a importância do cinema no mundo contemporâneo, Getúlio Vargas quando faz um pronunciamento para a Associação Cinematográfica de Produtores Brasileiros, em 1934, afirma que o cinema interfere no imaginário social e, por esse fator, ele não deve ser ignorado e deveria ser uma das grandes preocupações do governo. O cinema propagandístico ocupa seu espaço quando o Estado percebe neste formato de fazer cultura a ligação aos princípios sociais e morais de um governo centralizador, como a universalização da educação, a difusão de um ideário nacional e a integração nacional cultural de maneira hierarquizada (BARRENHA, 2018) Entender a utilização dos meios de comunicação para a propagação dos ideais de determinado regime é de suma importância para evidenciar o uso do cinema por um Estado autoritário. José Inácio de Melo Souza, em sua obra O Estado contra os meios de comunicação (2003), faz um estudo minucioso sobre os meios de comunicação no Brasil, desde a República Velha (1889) até os últimos anos do Estado Novo (1945). No período correspondente às décadas de 1930 e 1940, o autor, inclusive, analisa a utilização dos cinejornais. O Cine Jornal Brasileiro cobria principalmente eventos como a abertura de estradas, construções de obras de artes, montagem de fábricas e eventos que colocavam o governo em destaque, em especial a imagem de Getúlio Vargas. As produções eram curtas, em torno de 10-15 minutos e para cada cinejornal havia em média de 5 a 7 matérias. O filme iniciava-se em uma abertura com as credenciais do Departamento de Imprensa e Propaganda e desde o início até o final as imagens são acompanhadas de trilha sonora, muitas vezes composta pela música erudita e hinos. Havia também na banda sonora, a locução dos eventos projetados descrevendo as imagens passadas. A instrumentalização do corpo de Getúlio Vargas, como uma representação do governo autoritário através dos cinejornais, é tópico importante para os materiais produzidos pelo DIP, pois a construção da figura do presidente demonstrava o poder do Estado. Ademais, ao exibir os filmes de forma obrigatória nas salas de cinema, o Estado se fazia presente. |
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Bibliografia | AUTRAN, Arthur. Panorama da historiografia do cinema brasileiro. Alceu, Rio de Janeiro, v.7, n.14, p. 17-30, jan-jun 2007. |