ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Debates sobre legitimidade de autoria e representação social e racial |
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Autor | Mariana Queen Ifeyinwaeze Nwabasili |
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Resumo Expandido | Propomos na comunicação expor ideias presentes em um artigo inédito que segue sendo lapidado e se intitula “Relações históricas entre os debates sobre legitimidade de autoria e representação social e racial no cinema brasileiro”. O artigo e os desdobramentos originados dele fazem parte de uma frente de pesquisa individual adjacente de nossa pesquisa de doutorado: o interesse em identificar uma historiografia do que temos observado ser uma gradual e atual consolidação do subcampo – que para termos práticos e conceituais chamaremos de campo (BOURDIEU, 1983) – de Estudos de Cinema Negro Brasileiro, que, a nosso ver, abrange estudos e críticas da representação dos negros e da cultura negra no cinema nacional ao longo de sua história. A hipótese a ser explicitada é de que existem relações de continuidade entre os debates e problemáticas relacionadas aos anseios, formas e questionamentos da legitimidade de representação do povo brasileiro e/ou das temáticas nacionais e populares em nosso cinema desde a década de 1950 e os debates e problemáticas relacionadas aos anseios, formas e questionamentos das representações cinematográficas de corpos negros surgidas com maior protagonismo em nossos filmes especificamente desde esse período. Para nós, a mobilização dos debates sobre legitimidade de autoria e representação social e racial no cinema brasileiro se constitui como um processo, implicando reatualizações em novas conjunturas históricas. Afinal, há momentos em que os anseios e discussões sobre a representação do povo brasileiro em nosso cinema irão, inclusive por meio de personagens históricas (artistas entre eles), convergir com os debates raciais – e também feministas – feitos no Brasil e no exterior entre os as décadas de 1950 e 1980. A nosso ver, os debates sobre legitimidade de representação do povo e do nacional popular (ou seja, de representação da classe popular brasileira) encabeçados, já na década de 1960, por membros do CPC (Centro Popular de Cultura) do Rio de Janeiro e pelo crítico e teórico Jean-Claude Bernardet em publicações jornalísticas (GERBER, 1991) ao criticarem os cinemanovistas, fazem parte de uma primeira fase da publicização dessas discussões. Esses debates teriam como atualização, ou como segunda fase de publicização, as críticas sobre legitimidade de representação de corpos negros em filmes do Cinema Novo também tornadas públicas a certa altura. Exemplo maior disso é o texto “A senzala vista da casa grande”, elaborado pela historiadora e militante negra Beatriz Nascimento (1942-1995) como crítica negativa ao filme Xica da Silva (Cacá Diegues, 1976) publicada no jornal alternativo Opinião à época do lançamento do longa-metragem. Em grande parte, a relação entre os dois momentos de debates mencionados e a centralidade do Cinema Novo neles pode ser explicada devido ao fato de, para diferentes pesquisadores, esse movimento vanguardista, influenciado pelo debate sobre temáticas nacionais e populares no cinema brasileiro instaurado na década 1950, ter colocado personagens negras como protagonistas de seus filmes, porém, pensando o negro como um ator social que guiava as lutas da classe oprimida e era, paradoxalmente, “desracializado” quanto às explicitações narrativas das obras (CARVALHO, 2008; SOUZA, 2013). Para Carvalho (2008), na grande maioria dos filmes do movimento, o negro representava uma classe, um povo, o brasileiro popular, a ser protagonista de ações revolucionárias. Se, como parte desse histórico, que defendemos ser parte da construção dos Estudos de Cinema Negro Brasileiro, a autoria de pessoas negras (atores, cineastas, pensadores, críticos) foi apontada ou mesmo disputada como critério para a instauração do que seria e é entendido por Cinema Negro Brasileiro (CARVALHO, 2008), acionamos a construída marcação da diferença racial negra (BRAH, 2006) em sua afirmação política estratégica (COSTA, 2002) para destacar a centralidade e o possível pioneirismo de Nascimento na instauração desse campo. |
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Bibliografia | BERNARDET, J. Cinema brasileiro: propostas para uma história. São Paulo: Cia. de Bolso, 2009. |