ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Recanto do cinema, periferia e processos de subjetivação política |
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Autor | Allex Rodrigo Medrado Araújo |
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Resumo Expandido | No ano de 2018 o Instituto Federal de Brasília abre as portas do seu mais novo campus para a comunidade do Recanto das Emas, na zona rural deste território do Distrito Federal. O campus, com eixo tecnológico de Produção Cultural e Design, oferta o curso Técnico de Produção de Áudio e Vídeo nas modalidade de ensino médio integrado, no Proeja (educação de jovens e adultos) e no subsequente. É o primeiro curso formal de uma instituição pública federal em audiovisual na periferia da capital do país. Entendemos que além de revolucionária, a escola de audiovisual cumpre com as questões de difusão e educação democrática, emancipadora e justa na transformação da produção e construção dos olhares, dos pensares, dos fazeres, dos dizeres e dos sentires. O curso possui institucionalizado, através do seu Plano de Curso, Práticas Integradoras que visam valorizar a pesquisa e proporcionar o envolvimento de professores e estudantes na interdisciplinaridade e na contextualização de saberes. Nesse sentido, naquele ano de 2018 o Núcleo Recanto do Cinema se torna prática integradora, que desenvolve atividades semanais de construção de repertório fílmico, para atuar na exibição, distribuição, memória e preservação audiovisual, sempre pensando o recorte territorial do Recanto das Emas. No ano de 2022, em sua terceira edição, o festival retoma a presencialidade e traz a reflexão sobre “futuros imagináveis e reorganização do sensível”, com curadoria de estudantes egressos que se encontra numa formação desde 2019 e já atuando em outros festivais, pensando como o cinema pode exercer uma cosmopolitização e de enfrentamento com modos de ser e pensar de espaços de exibição, de estratégias curatoriais e programação fílmica-estética. A organização de festivais é sobretudo sobre a construção de espaço de distribuição e legitimação que intervém crítica e historicamente no campo das imagens seja para reafirmar, seja para contestar relações de poder (CESAR, 2020, p. 139). O Recanto do cinema tem muitas camadas interessantes para se pensar uma cultura audiovisual periférica no que tange as situações de corpos, espaços e tempos contra-hegemônicos: não é produzido no contexto privado e nem por e através de uma política pública. É um festival realizado enquanto uma ação emancipadora, extensionista e integradora de um espaço educacional para fomentar o audiovisual na periferia, no entanto não é um festival universitário, aquele que necessariamente amplia a tela para produções de estudantes. É um festival com esforço comunitário, numa cidade periférica que sofre com um dos índices de maior desigualdade social do Distrito Federal, em um campus do Instituto Federal mais novo no mesmo território, ou seja, com menor incidência de recursos. São várias interseccionalidades que atravessam uma curadoria e uma programação que visibiliza jovens de várias periferias do país, corpos marcados pela violência, mas que solicitam outros afetos e formas de ser, que não aquelas costumeiramente ficcionalizadas. Então a proposta de reconfigurar o que está sendo posto, que tensiona como vemos, pensamos, sentimos, em como são nomeadas, ditas, visualizadas é uma forma de subjetivação política (RANCIERE, 2004). O festival busca, pois, redistribuir espaços e tempos fílmicos para reorientar a experiência do comum cinematográfico. A programação do evento trouxe jovens a frente de coletivos de cinema de outras periferias urbanas do DF para juntes refletir sobre como os jovens das periferias de Brasília ocupam os espaços pelas ruas do cinema? De que maneira a cultura audiovisual ocupa as imaginações da juventude? Como o cinema pode reestabelecer os direitos das diversidades de corpos e afetos dos jovens? A partir do momento em que a juventude periférica se apropria tecnicamente e esteticamente das suas narrativas por meio do audiovisual as coisas mudam. Processos políticos, emancipatórios e sociais se reconfiguram. |
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Bibliografia | CESAR, A. Conviver com o cinema: curadoria e programação como intervenção na |