ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | O cinema de Chantal Akerman e as peças-paisagem de Gertrude Stein |
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Autor | Danielle de Souza Menezes |
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Resumo Expandido | Este trabalho propõe um exercício de aproximação entre o filme Noite e dia (1991), de Chantal Akerman, e o pensamento-textual nos escritos de Gertrude Stein, focando, principalmente, em suas peças-paisagem. A proposta é de analisar e relacionar as obras, debruçando-se sobre as imagens e os sons do filme e dedicando-se ao estudo das peças, buscando como, em seus respectivos meios artísticos, seus modos de retratar o tempo, o espaço e o ritmo cotidiano podem ser motivos de diálogos entre as duas. Os recursos cinematográficos e temáticos que Chantal Akerman utiliza em seu filme, como as repetições de gestos ou a ausência deles, objetos cotidianos com importante significado para a narrativa, palavras rítmicas ou repetidas que vão ganhando novos sentidos no decorrer do filme, a montagem em dia e noite, as movimentações de câmera, os ruídos, os efeitos sonoros e a banalidade da história, servirão como meio possível para essa investigação. Stein acreditava que a peça não precisava contar uma história ou manipular ações, porque, para isso, seria necessário recorrer à ideia de presente, passado e futuro e assim apresentá-los. A escritora dizia que o ideal é que as peças fossem como uma paisagem, onde nada acontece, mas os elementos estariam todos em relação uns com os outros. Suas peças-paisagem são compostas por uma desestruturação de atos, diálogos e descrições convencionais, palavras e frases sonoras e repetitivas, personagens com identidades em conflito ou ausentes, objetos que se tornam personagens, trabalhando sempre com os acontecimentos no tempo presente. Ao dissertar sobre os seus trabalhos em “Portraits and Repetition”, Stein diz que observou a partir das cenas de filmes, onde dois fotogramas não são exatamente iguais e por isso há uma diferença propiciando o movimento, que as imagens estão sempre no presente, nunca são repetidas. Com essas análises, ela explica a diferença de repetição e insistência, onde a insistência estaria como esses frames, que mesmo com uma variação mínima nunca iguais ao anterior. No presente trabalho a insistência se torna conceito fundamental para um diálogo com o filme de Chantal Akerman. Relacionar as duas não se trata de procurar no longa-metragem de Akerman encadeamentos de falas similares ou uma analogia direta a essas peças-paisagem, menos ainda oferecer um modelo de outra área disciplinar para análise de um filme, detém-se em agregar o que do pensamento estético voltado às palavras nas peças de Gertrude Stein podem abranger uma melhor investigação sobre as imagens e sons do filme pesquisado. |
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Bibliografia | ALFANDARY, Isabelle; BROQUA, Vincent. Gertrude Stein et les arts. Les presses du réel, 2019. |