ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Mímesis e performance no cinema Europeu e Estadunidense dos anos 20 |
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Autor | Flavio Kactuz (Flávio C. P. de Brito) |
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Resumo Expandido | O presente trabalho pretende se inserir nas linhas de pesquisa dedicadas a estudar a História do Cinema, a partir da relação entre Direção e Performance, observando, especialmente, o que ocorreu na Europa e nos Estados Unidos durante os anos 1920, sendo expandido e absorvido, paulatinamente, em todas as regiões, inclusive no Brasil, determinando aquilo que hoje julgamos como “boa”, “má” ou “ausente” atuação. Afinal, esta é uma década de significativa relevância para os estudos historiográficos, quando se delimitaria, com estranha clareza, as distinções entre os filmes de ficção, documentários e experimentais, na qual a mimeses, ou a sua recusa, assume um primordial papel. Este período marca a chegada tardia de um precioso debate, que já ocorria nos salões e palcos europeus, no apagar das luzes do século XIX, problematizando a tal da “representação da realidade”, desde a exposição impressionista realizada no ateliê do fotógrafo Félix Nadar (1820-1910) em 1874, até as significativas rupturas provocadas nos escritos de Maurice Maeterlinck (1862-1949), nas encenações de Lugné-Poe (1869-1940), Adolphe Appia (1862-1928), Gordon Craig (1872-1966) e Vsevolod Meyerhold (1874-1940). Um debate centrado na recusa da mimesis e do naturalismo, que seria prematuramente, abortado na Sétima arte por uma conjunção de fatores políticos, econômicos e tecnológicos, aos quais podemos destacar a gradativa ascensão dos regimes fascistas na Europa e uma rentável conjunção, em território estadunidense, entre Star e Studio System, na aclamação de um estilo de direção e performance, desenvolvido a partir da entrada de David Griffith (1875-1948) na Biograph em 1908, que se tornaria hegemônico numa estrutura repetida mil vezes, nas consequências desastrosas da transição do silencioso para o sonoro em 1927, e as subsequentes premiações do Oscar, a partir de 1929, quando passaríamos a torcer pelas “melhores” atuações. Seria ainda no final desta década e o início dos anos 1930, que o escocês John Grierson (1898-1972) iria cunhar o termo “documentário”, analisando os filmes de Robert Flaherty (1884-1951), cujas intenções era fazer um filme de aventuras na Baia de Hudson no Canadá. Já passou da hora do Cinema se atualizar sobre o quanto o Teatro e as Artes Visuais investigaram e ampliaram o conceito de Performance, incorporando as pertinentes contribuições da Antropologia e da Sociologia, sobretudo, da Escola de Chicago, identificando e se desvencilhando da perniciosa onipotência da indústria e do mercado cinematográfico, que sempre regeu e definiu os marcos da História do Cinema. Talvez assim, regiões possuidoras de uma riquíssima diversidade cultural, como o Brasil e toda América Latina, venham somar com suas interessantíssimas contribuições artísticas, ultrapassando a pobre nomenclatura que ainda hoje utilizamos para qualificar o sentido de uma atuação. |
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Bibliografia | APPIA, Adolphe. La musica y la Puesta em escena. La obra de Arte Viva. Madrid: Publicaciones de la ADE, 2014. COMOLLI, Jean-Louis. Ver y Poder. La inocência perdida: cine, television, ficción, documental. Buenos Aires: Aurelia Rivera: Nueva Libreria, 2007. CRAIG, Edward Gordon. Del Arte del Teatro & Hacia um Nuevo Teatro. Madrid: Publicaciones de la ADE, 2011. DA-RIN, Silvio. Espelho Partido. Tradição e transformação do documentário. Rio de Janeiro: Azougue , 2006. MORIN, Edgar. As Estrelas: Mito e Sedução no Cinema. Rio de Janeiro, José Olympio, 1989. PEARSON, Roberta E. Eloquent Gestures. The transformation of Performance Style in the Griffith Biograph Films. Los Angeles: University California Press, 1992. PUDOVKIN, Vsevolod. O Ator no Cinema. São Paulo: Casa do Estudante do Brasil, 1956. ROTHA, Paul. Robert J. Flaherty: A biography. Philadelphia: University of Pennsylvania Press, 1983.STANISLAVSKI, Konstantin. Minha Vida na Arte. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1989 |