ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Um purgatório chamado Brasil: passado é presente no horror nacional |
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Autor | Lucas Procópio Caetano |
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Resumo Expandido | Segundo Tom Gunning (2007), os fantasmas, quando presentes em determinada narrativa, ocupam um status ontologicamente ambíguo, pois geram uma difícil integração no espaço e tempo do "real", uma vez que existem sob um regime de ausência/presença, presente/passado. A partir desta perspectiva, tem-se na figura do fantasma uma alegoria potente, a qual há muito é utilizada em diversos gêneros e com diversos intuitos discursivos. No contexto do cinema brasileiro, alguns realizadores centralizam estes espectros em seus filmes como forma de representação do passado e do presente do país, os quais, em muitos aspectos se chocam e se confundem. Nos longas-metragens de Kleber Mendonça Filho, por exemplo, a constante inserção de fotografias antigas em narrativas situadas na contemporaneidade acaba por revelar "relações de continuidade e de ressonância entre um e outro, como se algo daquele espaço e tempo ressoasse nos atuais, enunciando que a sociedade contemporânea urbana dá continuidade" (MIGLIANO; LIMA, 2013, p.188-189). Mas quais continuidades seriam estas? Em linhas gerais, pode-se dizer que muitos destes filmes se valem da espectralidade, um elemento não só recorrente como também próprio do cinema de horror, para evidenciar a cíclica dinâmica de perpetuação do racismo em nossa sociedade. De acordo com Blake (2008), estas estratégias representacionais realizadas pela via do horror se intensificaram após a década de 1960 como forma de desencorajar e contestar narrativas coesas e homogeneizantes, em geral positivistas, sobre a identidade nacional. Deste modo, serão analisados os filmes Todos os mortos (Marco Dutra e Caetano Gotardo, 2020) e O anjo da noite (Walter Hugo Khouri, 1974), com o intuito de traçar paralelos entre os fantasmas do racismo mobilizados tanto no passado quanto no presente do cinema brasileiro. |
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Bibliografia | BLAKE, L. The Wounds of Nations: Horror Cinema, Historical Trauma and National Identity. Manchester University Press, 2008. |