ISBN: 978-65-86495-06-5
Título | Mair Tavares: fluxo, intuição e técnica na montagem cinematográfica |
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Autor | Daniel Rodrigues Aroucas Garcia |
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Resumo Expandido | Desde 1966 centenas de filmes brasileiros apresentam em suas fichas técnicas um nome em comum: Mair Tavares. A Entrevista (1966), de Helena Solberg, foi seu primeiro trabalho, na função de técnico de som. Já exerceu também as atividades de produtor e produtor executivo em algumas produções históricas como Kuarup, de Ruy Guerra (2017) – filmado no parque indígena do Xingu – e Bye Bye Brasil, de Cacá Diegues (2014). Nessas duas obras acumulou também a função de montador. E foi montando filmes que Mair desenvolveu uma das mais longevas e profícuas carreiras no cinema brasileiro. Atravessou gerações, colaborando com realizadores de diferentes idades e tendências estéticas.
Na época de sua formação profissional, o mais importante – e único – manual de montagem era The technique of film editing, de Karel Reisz. A geração de Mair debruçou-se sobre esse livro para descobrir técnicas e maneiras de pensar a montagem cinematográfica. Porém, esse é um ofício que só se aprende na prática. E isso Mair teve. E tem. Continua com uma média de três longas-metragens por ano. “Montagem é fluxo”. Com essa frase, Mair define a essência de seu trabalho. Mas como esse fluxo se estabelece na ilha de edição? Ao longo das últimas décadas, Mair acumulou uma série de técnicas de montagem, além de métodos de análise de filmes, personagens e cenas. Esse conjunto de informações, aliado à sua intuição (PEARLMAN, 2015), o permite entrar nos universos particulares dos filmes buscando as maneiras mais adequadas de contar cada história. Através dos recursos de montagem, Mair estabelece ritmos, valoriza algumas intenções do filme, provoca curiosidade no espectador e controla o fluxo da narrativa para que os filmes aconteçam dentro de sua pulsação única. Três filmes serão analisados tendo a montagem como foco: A Lira do Delírio (1978), de Walter Lima Jr., Estorvo (1998), de Ruy Guerra e O Grande Circo Místico, de Cacá Diegues (2018). Filmes montados com intervalos de vinte anos entre um e outro, que representam diferentes fases da carreira de Mair e que conservam as características de seu jeito próprio de montar. Em uma entrevista de 1978, ele explica sua relação com os diretores: “Mais do que qualquer aspecto técnico, o que dá o tom da montagem é a questão das relações humanas. Neste particular, é uma etapa delicada da preparação do filme, porque diretor e montador tem que ser muito sinceros um com o outro. Certas formas de delicadeza, de hipocrisia, que marcam o comportamento social, tem de ser deixadas de lado, porque prejudicariam o produto do trabalho. Em outras palavras, a coisa nunca se passa com tranquilidade.” (Filme Cultura, p. 26) Daniel Garcia, coautor desta mesa temática, trabalha em parceria com Mair desde 2006. Ao longo desses anos assinaram a montagem de alguns longas-metragens. Informações sobre os métodos e os pensamentos do mestre sobre a profissão vem sendo acumuladas, compiladas e analisadas com o objetivo de ampliar o espectro das pesquisas sobre montagem. |
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Bibliografia | DIEGUES, Cacá. Vida de cinema: antes, durante e depois do cinema novo. RJ, Objetiva, 2014.
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