ISBN: 978-65-86495-09-6
Título | Radicais do realismo democrático em documentários brasileiros |
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Autor | Sebastião Guilherme Albano |
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Resumo Expandido | Este é um estudo em andamento das subjacências representativas da democracia em quatro documentários brasileiros de fatura diversa com radicais morfológicos irmanados, Cabra marcado para morrer (Eduardo Coutinho, 1964-1984), Bicicletas de Nhanderú (Ariel Ortega e Patrícia Ferreira, 2008), Ressurgentes (Dácia Ibiapina, 2014) e O processo (Maria Augusta Ramos, 2018). Entreleio a organização audiovisual do governo da democracia no país a partir da consolidação (prática) de uma idealidade desse regime como afluente de seu radical filológico e filosófico, canalizador de enunciados em continuidade, descontinuidade, suspensos ou com alguma cognação com a liberdade humana, os liberalismos (não confundir com liberdade advinda da soberania individual. NIETZSCHE, 1987) conforme um entendimento de época (1964-2024), aqui nem soma nem síntese apenas uma simultaneidade comunitária de manifestações sob determinadas condições teóricas e materiais auspiciadas pela crítica em sinonímia com o consenso acerca do radicalismo racional (CUNHA & CINTRA, 1985; EAGLETON, 1984). Reitero que os filmes são de gerações contemporâneas e tematizam conjunturas paradoxais da democracia liberal da pequena política local ou nacional (executiva e legislativa) com enfoques díspares. Improntaremos o dado de o realismo repuxar um substrato de expressividade privilegiado para apreender as paixões e os raciocínios heréticos enquanto imanentes da ação democrática e seu exercício retórico e poético nas obras, comutando o senso comum acerca da história política e das formas artísticas por ideias dissidentes em teoria enleadas a elas por perorações de autores congêneres das estruturas, das sincronicidades e dos sintagmas, tais como Antonio Candido, Philipe Hamon e George Didi-Huberman, entretanto díspares na tradição interpretativa e incônscios articuladores de um prisma exigido por nosso programa e seus plasmas sensoriais e propositivos aos quais arrogamos legibilidade ao liberal modo realista da publicidade da democracia (HAMON, 1984). O termo radicais do título sobreveio antes da observação das peças e de seu emprego e corresponde ao morfema lexical e fixo que compõe a mínima unidade de referencialidade ou de gênese da escrita alfabética em uma palavra, não obstante o mobilizamos como prolongamento das convenções em sua temperatura crítica com a promessa de metamorfose nos filmes intimados, não revolucionária de todo (especialmente no que tange aos parâmetros do realismo representativo e sua linhagem nas grafias sociais) mas sempre de oposição progressista. Essa redobra de radical da democracia em crítica radical (de tópica e lei ao pacto, à transformação e à jurisprudência) à qual nos devotamos, supõe instâncias de estímulos de crise representativa vasta que os filmes documentam e vivenciam, e cuja raiz mínima ou genealógica ampara-se para além e para aquém da eminência da praxis do materialismo. Tomo o marco da democracia contemporânea, elusiva a uma definição cerrada por ser o mais universal dos valores políticos de hoje (arbitrário e motivado) paradigmático de legitimação das associações, operativo por seu caráter aberto às intermitências de suas constâncias manifestas (soberania popular, representação eleitoral da maioria demográfica, liderança partidária, grupos hegemônicos com opiniões publicitadas com visos de organicidade retórica, contratos que contemplam desaprovação refletida até a razão de Estado, entre outros. BOBBIO, 2001). Assentam-se sobremaneira no compromisso de auto-determinação e liberdade individual sob, sobre e dentro dos protocolos coletivos do Estado de direito. Referi-me adrede antes a Antonio Candido, Philipe Hamon e Georges Didi-Huberman por radicalizarem (verbalizarem os radicais sociais substitutos da crítica da democracia) suas explanações estéticas e sociológicas dentro da fábrica liberal porém não coordenando e tampouco se subordinando a citações cristalizadas por outros cadinhos dos saberes humanos de seu interesse. |
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Bibliografia | BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade. Para uma teoria geral da política. 9 ed. São Paulo: Paz e Terra, 2001. |