ISBN: 978-65-86495-09-6
Título | Zona Oeste afetiva e singular: Cinemas Possíveis |
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Autor | Carla Regina Vr |
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Resumo Expandido | O uso da linguagem cinematográfica fez o cinema condição de comunicação. A produção de curtas metragens, cada vez mais inseridos nas atividades educativas ou comerciais de entretenimento, acontece graças ao avanço tecnológico e ao processo de formação humana e profissional acessível, também. A acessibilidade aos dispositivos torna possível a democratização do cinema e aponta o desafio. A linguagem como meio, cada vez mais, de contar e narrar histórias comuns de modos diferentes, originais e alternativos. O protagonismo dos cineastas funciona como imagem da técnica de autonomia, pelo plano de ação que executam em carreira solo, como parte de um planejamento de projeto de vida e empreendimento. Cinemas Possíveis. O cineasta-produtor-artista faz o cinema ser um acontecimento na rotina diária da resistência e insistência de ser feliz e livre em bairros de condições adversas, e a cidade, como cenário, tem oportunidade de ser vista no mundo global, tem sua vez. Pertencimento e identidade andam juntos quando personagens são apresentados como moradores nobres e enaltecidos – Patrimônio em voz e visão. O curta “Samba do Desterro” 2023, Marcelo Gularte, de Realengo, traz uma sequência de entrevistas com sambistas que descrevem suas trajetórias e experiência com o samba dentro e fora da zona oeste, circuito e circunstâncias de realizações. A possiblidade de abordar assuntos diversos em toda parte, além de representar o uso do direito à liberdade de expressão é, também, a garantia da oferta de visibilidade aos afetos e às singularidades de pessoas comuns que viviam no anonimato. Os bairros dos subúrbios que crescem ao redor da linha do trem buscam o seu centro quando os artistas-cineastas encaram os desafios de uma região heterogênea e se lançam na missão de comunicar conteúdos que poderiam passar despercebidos. Cineclubes, festivais, coletivos ou “lives” formam circuitos alternativos para o cinema alternativo e possível. “Favela Gay”, 2017, de Rodrigo Felha, da Cidade de Deus, mostra o conflito da questão do gênero na favela. Imaginação radical para buscar a clareza das intenções corajosas de existir. É voz para os excluídos. Sandra Lima, de Rio das Pedras, em sua busca pela valorização da cultura porreta, oferece e esbanja eventos que valorizam a cultura nordestina dentro das comunidades, em seu curta “Caminho das Pedras”, 2015, evidencia a trajetória das mulheres e sua presença no audiovisual suburbano. O cinema por elas também surge em outros projetos, como o Manas coletivos, ou Zona de cinema, com Gisele Motta, que trazem a presença do protagonismo feminino em toda sua diversidade. Dão visibilidade a histórias de superação e de realidades. Mostram a potência da realidade, afagam a autoestima, valorizam raízes, produzem sentidos, que envolvem pertencimento e identidade são a maior contribuição desse cinema que se faz na luta e determinação. A própria essência de ressignificar, renasce a esperança e o desejo de recomeçar: Rever e reavaliar mudanças para realidades possíveis. Cinemas possíveis são ofertados sem predeterminação comercial ou existencial por autorias individuais e coletivas. Esse cinema nacional é a raiz e vigor, movimento, que se autoanuncia apesar das condições de fragilidade e escassez. A zona oeste como berço e celeiro cultural contribui com artistas, projetos e iniciativas e possui vazios. Reimaginar esses territórios é um grande desafio para todos os moradores, mas uma inspiração e motivo para corajosos produtores. Waldir Onofre escolheu o cinema no subúrbio, e foi pioneiro em narrativas cotidianas, patrimônio em tempo e espaço; Clementino Junior se destaca por uma escalada internacional. Estes marcam a importância da participação do negro no cinema. O encontro deste ano propõe o DESVER, reflexão às demandas reais. Cito Mario de Andrade ao exaltar o potencial do cinema americano, provoca o cinema alternativo como canal de mudas e mudanças, a partir dos subúrbios, bairros do Rio. |
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Bibliografia | ARENDT, Hannah La vie de l’esprit. Paris: PUF, 2005, p. 37-60 |