ISBN: 978-65-86495-09-6
Título | De que setor audiovisual estamos falando? |
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Autor | André Ricardo Araujo Virgens |
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Resumo Expandido | O setor audiovisual é um campo que passa por constantes mutações, a partir da inclusão e/ou exclusão de produtos e processos que modificam seus contornos e borram suas fronteiras com outros campos. Dois exemplos bastante atuais ilustram esse processo, na prática: o diálogo cada vez mais direto com o universo dos games, inclusive do ponto de vista do debate acerca do lugar que ocupa a construção de políticas públicas específicas para este setor. E, o segundo, quando pensamos no impacto que o ambiente digital trouxe para os modelos de produção, distribuição, exibição e consumo de conteúdos, com o surgimento de novas janelas de fruição e o fortalecimento da noção de “convergência tecnológica”, da amplificação do consumo “em linha” através de plataformas de streaming, e do fortalecimento da noção de “transmídia”. Nesse contexto, surge como um desafio para o campo de estudos interessado nas políticas e dinâmicas de funcionamento do setor audiovisual que é o próprio dimensionamento do setor audiovisual, a partir de uma caracterização de produtos e processos que compõem o seu campo. E é esse aspecto que buscamos problematizar neste trabalho, a partir de duas chaves analíticas. A primeira é a noção de “campo audiovisual”, a partir de uma apropriação da noção de “campo” apresentada e desenvolvida por Pierre Bourdieu em diferentes publicações. Para ele, campos apresentam-se como “espaços estruturados de posições” (BOURDIEU, 2003, p. 119), ou seja, são estruturas relacionadas a um campo cultural, social e/ou de conhecimento compostas por relações sociais e normas de funcionamento internas. Inclusive, optamos por adotá-la em detrimento da noção de “cadeia produtiva do audiovisual” por entendermos que a segunda está contida na primeira. E que o dimensionamento do campo extrapola a percepção de sua dimensão econômica. E, em segundo lugar, lançamos mão do conceito de “formas culturais” de forma a abarcar a caracterização de diferentes processos e produtos que foram desenvolvidos ao longo da história de apropriação criativa das técnicas de produção de imagens em movimento, através de distintos códigos e modos de produção e difusão (CABEÇA E SANTOS, 2022). Essas obras podem ser produzidas seguindo lógicas e códigos específicos, que compõem os principais modos de produção vinculados aos diferentes suportes e/ou modos de fruição, tais como Cinema, TV, Vídeo, Realidade Virtual e/ou Aumentada, Jogos Digitais, além de uma vertente de conteúdo audiovisual publicitário que dialoga, em alguma medida, com todas as formas citadas anteriormente. E de todo um arranjo complementar estruturado para o seu pleno funcionamento enquanto campo autônomo, reunindo agentes voltados para as áreas de capacitação, fornecimento de equipamentos e suprimentos, logística, comunicação e marketing, direito, pesquisa e acompanhamento de mercado, crítica, curadoria etc. Em conjunto com essas contribuições analíticas, buscaremos relacioná-la com proposições de dimensionamento deste campo trazidas por estudos da Agência Nacional do Cinema, como a publicação “Valor Adicionado pelo Segmento Audiovisual Ano-base 2019”; o estudo “Mapeamento e Impacto Econômico do Setor Audiovisual no Brasil”, realizado pela Fundação Dom Cabral em parceria com a Apro e o Sebrae; o estudo “Mapeamento da Indústria Criativa”, realizado pela Firjan; o Diagnóstico da Rede Audiovisual da Bahia, lançado pela Secretaria de Cultura do Estado da Bahia em 2010 e o Marco de Estadísticas Culturales de la UNESCO 2009, produzida no âmbito do referido organismo multilateral. Assim, como síntese preliminar, propomos a estruturação do campo audiovisual em 07 áreas: produção; acesso e fruição; preservação e memória; formação, pesquisa e inovação; infraestrutura física e tecnológica; governança e regulação; e serviços de apoio. |
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Bibliografia | ANCINE. Valor Adicionado pelo Segmento Audiovisual Ano-base 2019. Rio de Janeiro: Ancine, 2022. |